Alguns conhecimentos matemáticos mobilizados na fabricação do quadrante de Figueiredo (1603)
Palavras-chave:
Conhecimentos matemáticos, Quadrante, Chronographia, Reportorio dos Tempos..., História da Matemática, Educação MatemáticaResumo
A educação matemática e a história da matemática são áreas com potenciais didáticos que fornecem diferentes recursos que podem ser utilizados para auxiliar no ensino de matemática. Visando articular ambas, este estudo está pautado na construção de uma interface que busca articular história e ensino de matemática. Mas, para que isso possa acontecer é necessário partir de um recurso que permita esse diálogo, assim, fez-se uso do tratado Chronographia, Reportorio dos Tempos..., que possui alguns instrumentos matemáticos, entre eles, o quadrante, abordado nessa pesquisa. Na interface, considera-se dois movimentos: o estudo do contexto no qual os conhecimentos matemáticos foram desenvolvidos; e o movimento do pensamento na formação do conceito matemático. Neste trabalho, o foco está no primeiro movimento citado. Dessa forma, têm-se como intuito identificar possíveis conhecimentos matemáticos que podem ser mobilizados na fabricação do quadrante contido na Sexta Parte do documento Chronographia, Reportorio dos Tempos... . Quanto à abordagem, esta pesquisa se caracteriza como qualitativa, pois visa conhecer aspectos históricos e matemáticos em torno do instrumento em questão, sem ter o interesse de quantificá-los. Em relação ao seu objetivo se caracteriza como descritiva e aos procedimentos se configura como documental. Partindo do texto que contém a fabricação do quadrante e levando em consideração aspectos do seu período, pode-se identificar diferentes conhecimentos matemáticos mobilizados na construção do instrumento com régua e compasso, entre eles, circunferência, retas perpendiculares e paralelas, bissetriz e trissecção de ângulos, teorema de Tales, dentre outros. Portanto, este estudo visa contribuir para as pesquisas que vêm sendo desenvolvidas para a construção de uma interface.
Downloads
Referências
ALBUQUERQUE, Suziê Maria et al. Pesquisas envolvendo instrumentos históricos matemáticos e a interface entre história e ensino: uma visão dos trabalhos desenvolvidos no GPEHM. Revista BOEM, Florianópolis, v. 6, n. 12, p. 128 - 144, 2018. DOI: 10.5965/2357724X06122018128.
BATISTA, A. N. de S. Um estudo sobre os conhecimentos matemáticos incorporados e mobilizados na construção e no uso da balhestilha, inserida no documento Chronographia, Reportorio dos Tempos..., aplicado na formação de professores. 2018. 114 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Pós-graduação em Ensino de Ciências e Matemática, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará, Fortaleza, 2018.
BATISTA, Antonia Naiara De Sousa. A articulação de saberes geométricos com trigonométricos por meio da fabricação da balhestilha de Figueiredo (1603) para a construção de uma interface. 2023. 195 f. Tese (Doutorado em 2023) - Universidade Estadual do Ceará, Fortaleza, 2023.
CHAQUIAM, Miguel. História e Matemática: um elo e quatro contextos: History and Mathematics: a link and four contexts. Revista Cocar, [S. l.], n. 14, 2022. Disponível em: https://periodicos.uepa.br/index.php/cocar/article/view/5511.
CHORLAY, Renaud; CLARK, Kathleen Michelle; TZANAKIS, Constantinos. History of mathematics in mathematics education: Recent developments in the field. ZDM–Mathematics Education, v. 54, n. 7, p. 1407-1420, 2022.
FIGUEIREDO, Manoel de. Chronographia Reportorio dos tempos, no qual se contem VI. partes, f. dos tempos: esphera, cosmographia, e arte da navegação, astrologia rustica, e dos tempos, e pronosticação dos eclipses, cometas, e sementeiras. O calendario Romano, com os eclypses ate 630. E no fim o uso, a fabrica da balhestilha, e quadrante gyometrico, com hum tratado dos relogios. Lisboa. 1603.
GARCIA, Vera Clotilde Vanzetto. Fundamentação teórica para as perguntas primárias: o que é matemática? por que ensinar? como se ensina e como se aprende?. Educação, Porto Alegre, v. 32, n. 2, p. 176-184, ago. 2009.
GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2002.
LOPES, Luís Seabra. A coleção de pesos de ferro sem forma determinada do Museu Nacional Machado de Castro. Revista portuguesa de arqueologia, v. 21, n. 1, p. 197-208, 2018.
MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Fundamentos de Metodologia Científica. 5. ed. São Paulo: Editora Atlas, 2021.
MENDES, Iran Abreu. História para o ensino de matemática: fundamentos epistemológicos, métodos e práticas: History for teaching mathematics: epistemological grounding, methods and practices. Revista Cocar, [S. l.], n. 14, 2022.
PEREIRA, Ana Carolina Costa; SAITO, Fumikazu. Os instrumentos matemáticos na interface entre história e ensino de matemática: compreendendo o cenário nacional nos últimos 10 anos. Boletim Cearense de Educação e História da Matemática, [S. l.], v. 5, n. 14, p. 109–122, 2018. DOI: 10.30938/bocehm.v5i14.225.
GERHARDT, Tatiana Engel; SILVEIRA, Denise Tolfo. Métodos de pesquisa. Porto Alegre: Editora da Ufrgs, 2009.
SAITO, Fumikazu. Algumas considerações historiográficas. In: SAITO, Fumikazu. História da matemática e suas (re) construções contextuais. São Paulo: Editora Livraria da Física, 2015.
SAITO, Fumikazu; DIAS, Marisa da Silva. Interface entre história da matemática e ensino: Uma atividade desenvolvida com base num documento do século XVI. Ciência & Educação, São Paulo, v. 19, n. 1, p.89-111, 2013
SAMPAIO, Helenara Regina. Uma abordagem histórico-filosófica na educação matemática: contribuições ao processo de aprendizagem em trigonometria no ensino médio. 2008. 173f. Dissertação (Mestrado em Ensino de Ciências e Educação Matemática) – Universidade Estadual de Londrina, Londrina, 2008.
SILVA, Vasco Jorge Rosa de. Manuel de Figueiredo: contributo de um torrejano para a História da Astronomia Portuguesa. Nova Augusta, Torres Novas, Câmara Municipal, 2005, n.º 17, p. 131-155
